Caso Thainara: equipe médica que atendeu jovem abordada pela PM em Governador Valadares é denunciada por homicídio
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Profissionais de saúde são denunciados por homicídio no caso Thainara Vitória
Cinco profissionais de saúde foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por homicídio, acusados de omissão no atendimento a Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos. A jovem morreu em novembro de 2024, após abordagem policial, e chegou em parada cardiorrespiratória à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Vila Isa, em Governador Valadares. Segundo o MPMG, nenhum dos profissionais tentou reanimá-la, o que teria sido determinante para o óbito.
A denúncia foi oferecida na última semana e envolve um médico, duas enfermeiras e duas técnicas de enfermagem. O documento aponta que a omissão começou ainda na triagem e se estendeu até a sala de emergência, onde Thainara permaneceu por mais de uma hora sem receber manobras de ressuscitação. O óbito foi declarado às 22h14, após a realização de um eletrocardiograma (ECG).
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O que diz o Ministério Público
De acordo com o MPMG, os sinais clínicos registrados pelos profissionais não justificavam a declaração imediata de morte. Um parecer técnico da Central de Apoio Técnico (Ceat) reforçou que havia condições para tentativa de reanimação, e que a ausência de ação foi decisiva para o desfecho fatal.
A promotoria afirma que os profissionais poderiam e deveriam ter agido para evitar o óbito, e que “justo essa omissão foi determinante para o resultado morte”.
Divergência nas versões
Thainara Vitória morreu após uma abordagem policial em Governador Valadares
Reprodução/Arquivo Pessoal
A denúncia do Ministério Público apresenta uma nova linha de investigação, distinta da versão sustentada pela família da jovem. Thainara foi detida por policiais militares no residencial onde morava, no bairro Vila dos Montes, após tentar intervir em uma abordagem ao irmão, de 15 anos, diagnosticado com autismo e TDAH.
Manifestação pede justiça por jovem que morreu durante abordagem da PM em Governador Valadares
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, Thainara teria apresentado fraqueza e ânsia de vômito ao entrar na viatura, sendo então levada à UPA. Já a família e o advogado afirmam que a jovem morreu por asfixia causada por estrangulamento durante a abordagem policial.
A alegação é baseada em um laudo parcial do exame de necropsia, apresentado durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O documento indicaria sinais compatíveis com morte por asfixia mecânica, além de hematomas no crânio, escoriações, hemorragias, inchaços e marcas roxas em diversas partes do corpo.
O pai da vítima, Reginaldo Santos, relatou a estranheza dos ferimentos no rosto e maxilar da filha, observados no dia do velório. Thainara deixou uma filha de 4 anos.
Investigação segue em andamento
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte. Em janeiro de 2025, o caso foi encaminhado à promotoria, e em maio, o inquérito estava em fase final de apuração.
A Prefeitura de Governador Valadares informou que tomou conhecimento da denúncia por meio da imprensa e destacou que a gestão da UPA é responsabilidade da Beneficência Social Bom Samaritano, contratada para administrar a unidade. A administração municipal afirmou estar em contato com a direção da instituição para obter esclarecimentos e garantir providências.
A Beneficência Social Bom Samaritano declarou que não vai se manifestar, pois ainda não foi notificada oficialmente. Já o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lamentou a morte de Thainara e pediu celeridade e imparcialidade na apuração dos fatos.
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